Dados apontam que a Psoríase acomete cerca de 5 milhões de brasileiros. Mas a doença afeta muito mais. Cada um que mora e/ou acompanha um paciente, de certa forma, também ‘sente na pele’ as manifestações da psoríase – além das físicas, as emocionais.
Afinal, estamos falando de uma doença multifatorial – isto é, quem tem psoríase há de se cuidar. Há de ter paciência consigo mesma, com o processo, com os altos e baixos da vida. Há ainda, de amar sua pele, o maior órgão do corpo humano. Se amar.
Vamos começar por aí.
Primeiro, é preciso se amar e entender que as doenças autoimunes, apesar de não terem (ainda) cura, em sua maioria, têm controle. E esse é o caso da psoríase. Mas sim, os cuidados, a rotina médica, são para toda a vida. Vamos as boas notícias…
Nos últimos anos, a ciência deu saltos importantes nos entendimentos sobre a doença. Além disso, nas opções de medicamentos para as manifestações mais graves, através das terapias biológicas.
Entenda a linha de tratamento:
1) Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides;
2) Corticosteroides;
3) Fototerapia;
4) Medicamentos modificadores do curso de doença (MMCD, antigamente chamadas de DMARD) e
5) Terapia biológica.
Entre as primeiras opções, são formas orais e ainda tópicas (em pomadas e cremes, por exemplo).
Seguimos para a fototerapia, que possui ação anti-inflamatória e imunossupressora. Trata-se da modalidade terapêutica que aplica exposições repetidas e controladas de radiação ultravioleta, para alterar a fisiologia cutânea. Com qual objetivo? O de induzir a regressão ou controlar a evolução da doença.
Opções como Ciclosporina e Metotrexato (MTX) fazem parte do grupo das MMCDs.
A Acitretina é um fármaco, derivado da vitamina A, que atua reduzindo a descamação da pele (único medicamento para psoríase que não é imuno-modulador).
Em terapia biológica, temos medicamentos mais ‘maduros’ no mercado, tais como os da classe anti-TNF: etanercepte, infliximabe, adalimumabe, golimumabe, certolizumabe (alguns de uso intravenoso, outros subcutâneos).
E então, chegamos aos biológicos de terapia-alvo.
Como citei acima, nos últimos cinco anos tivemos novas opções chegando ao Brasil, aprovados para psoríase, da classe terapêutica das anti-interleucinas.
Cito abaixo seu nome comercial, seu princípio ativo e o laboratório farmacêutico:
Cosentyx® (Secuquinumabe) – Novartis.
Stelara® (Ustequinumabe) – Janssen.
Skyrizi® (Risanquizumabe) – Abbvie.
Taltz® (Ixequizumabe) – Lilly.
Tremfya® (Guselkumab) – Janssen.
As opções são apresentadas em forma de caneta injetável, para uso subcutâneo.
Otezla® (apremilast) é um medicamento sintético, aprovado pela ANVISA esse é de uso oral. Ainda não comercializado no Brasil, apesar de ter sido aprovado em 2018.
Os medicamentos podem ser usados em conjunto ou isoladamente.
Agora que já entendemos o que temos de linha de tratamento, você pode observar que são diversas as opções, o caminho a seguir depende de diversos fatores. A gravidade, claro, é um fator que ajuda a determinar a linha de tratamento. A fim de que houvesse um padrão e critérios claros para a medição da gravidade e a extensão da psoríase, criou-se o Índice da Gravidade da Psoríase por Área, conhecido globalmente como PASI.
Além da avaliação da condição clínica geral do paciente, suas possibilidades, recursos e até a rotina são consideradas. E vale ainda dizer que esse caminho pode mudar, de acordo com a evolução do quadro.
Como médica dermatologista e reumatologista, atuo em diversas doenças autoimunes, por isso, sei que a confiança e total transparência com o médico faz muita diferença – é preciso entender e ‘medicar’, além das lesões na pele ou articulações.
Como temos gatilhos emocionais envolvidos, cito que devemos ainda ter um olhar para a alimentação, a prática de atividade física (importantíssimo fugir da obesidade) e o controle do estresse e a redução da ansiedade.
Em resumo, a psoríase tem tratamento, tem controle, mas requer paciência, perseverança e confiança no seu médico.
Além da qualidade de vida, minha missão no encontro do melhor caminho terapêutico envolve a autoestima dos pacientes.
Dados sobre a Psoríase:
A psoríase é uma doença sistêmica inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta a pele, as unhas e em cerca de 30% dos casos, as articulações.
Pode aparecer em qualquer parte do corpo, se apresentando desde poucas lesões até acometimento difuso do corpo (psoríase eritrodérmica).
A doença atinge igualmente homens e mulheres, pode surgir em qualquer idade, mas concentra seus picos de incidência em torno dos 30 e após os 50 anos.
Onde as lesões surgem? Couro cabeludo, cotovelos, joelhos, palmas, plantas, unhas.
Entre seus tipos, o mais comum é:
Psoríase em placas ou vulgar – representa 85-90% de todos os casos, com placas avermelhadas na pele, cobertas com escamas esbranquiçadas ou prateadas, que podem doer e até sangrar. As lesões podem atingir qualquer área do corpo, embora sejam mais comuns no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.
O diagnóstico da psoríase é baseado na apresentação clínica, podendo necessitar de biópsia de pele, para confirmação em caso de dúvida diagnóstica.
Há 10 anos tenho me dedicado ao estudo, diagnóstico e tratamento da psoríase. Também compartilho muito do que sei com colegas, que também desejam trazer mais qualidade de vida e bem-estar aos portadores da condição.
Tem dúvidas? Vamos conversar.
Dra. Rachel Rosado
Dermatologista e Reumatologista
Conflito de interesses: declaro que participo de reuniões, palestras e/ou recebo apoio dos seguintes laboratórios farmacêuticos aqui citados.